Alvo de constantes críticas durante os últimos meses no interior do Rio Grande do Norte, o Governo do Estado resolveu dar uma resposta à onda de violência que vem atingindo, principalmente, a região Oeste do Estado. Nesta entrevista exclusiva, o secretário de Segurança Pública, Agripino Oliveira Neto, fala sobre as ações do Governo e nega que esteja ocorrendo algum tipo de crise interna na sua Pasta. Ele afirma que, muitas vezes, é preciso cobrar com mais rigidez, mas que isso não significa um problema interno. Em outra parte da entrevista, Agripino fala sobre o tratamento que a imprensa tem dado ao tema, alegando que o destaque é apenas nas situações negativas.
JORNAL DE FATO - Quais foram as ações feitas pela Secretaria de Segurança para a região Oeste nos últimos dias?
AGRIPINO OLIVEIRA NETO - Nós aumentamos o efetivo, melhoramos as estruturas... A questão das viaturas... Estamos dando um suporte maior, de forma, digamos assim, temporária... Hoje estamos com a Operação Oeste, as equipes do Bope (Batalhão de Operações Especiais de Natal), além das equipes normais de lá. Nós já recebemos uma nova frota e já passamos pra lá... Isso deu um alento, uma melhorada muito grande. Depois dessas ações, eu tenho ouvido que a coisa está melhor, que está controlada, apesar de haver uma certa... Da municipalidade ter declarado que está com dificuldades, mas são detalhes que podem ser equacionadas. Os problemas estão sendo resolvidos, como aquele do ex-prefeito, que foi resolvido com muita presteza, muita dedicação. Então, essa situação aí, se não resolvermos o problema da criminalidade... Nós estamos trabalhando para minimizar essa situação. Estamos trabalhando todos os dias, todas as horas para melhorar essa situação. Hoje, nós temos duas equipes da Polícia Civil e Militar na Operação Oeste. Duas Guarnições do BOPE Fazendo o trabalho na região, além do contingente da Polícia Civil e o GTO, que todos os grupos estão com uma viatura nova. Isso dá uma visibilidade boa para nós na região.
COMO vai funcionar essa base que o Governo pretende instalar em Caraúbas?
A NOSSA ideia é colocar a Operação Oeste para ter uma gerência, uma espécie de dirigente... Não é uma coisa de delegado mandar na Polícia Civil. São duas instituições independentes que têm que trabalhar em parceria, em conjunto. A ideia é essa. Tem que haver uma integração entre essas duas polícias. Nós queremos que seja alguém que possa passar as diretrizes para a Operação Oeste, assim como cobrar as atividades... Fazer os planejamentos, o que será feito em cada município, em cada região, independente das ações que surjam, como esse aí do sequestro do ex-prefeito. Tem que largar tudo que está fazendo e dar prioridade a esses casos. E deu resultado! Em doze horas, estava resolvido. Quando soubemos, demos uma resposta imediata. Toda vez que fazemos isso, temos a possibilidade de termos 100% de resultado. A possibilidade é que seja 100% positivo.
EXISTE um prazo previsto para que essa nova estratégia seja colocada em prática?
DEPENDE de alguns ajustes... Queremos que comece o quanto antes. O melhor é o mais cedo possível. Quanto mais rápido acontecer é melhor. É como investigar um crime. Se for preso na mesmo hora é bom... Mas se demorar... Nossa resposta tem que ser sempre imediata. A tendência é o bom resultado aparecer.
SECRETÁRIO, esse trabalho poderia ter sido feito antes, evitando todos esses problemas?
A GENTE faz as coisas conforme é possível fazer. Muitas vezes não acontecem não é porque não gostaríamos de fazer... Nós recebemos efetivo novo, novas viaturas... É um conjunto de coisas que só foi possível fazer agora. Poderia ter sido feito antes, mas se a gente fosse pensar assim... A gente está fazendo o possível, tudo que está dentro das nossas possibilidades. Eu tenho certeza... As dificuldades não são pequenas. Depois que eu cheguei na Secretaria, foi aberto concurso pra Polícia Civil, incorporamos mais 748 policiais militares, mais 100 bombeiros que estão terminando o curso, formamos mais 78 aspirantes oficiais, formamos ontem (sexta-feira passada) mais um grupo de oficiais administrativos, não sei exatamente quantos... Já foram convocados mais 650 concursados da Polícia Militar, alugamos uma frota de 300 veículos, incorporamos 80 motos... Compramos meia dúzia de caminhões... Recebemos mil armas recentemente para a Polícia Militar. A Civil está recebendo outras tantas... Na nossa gestão, foram 261 pistolas calibre .40... Quer dizer, são muitas ações... Eu passaria o dia inteiro lhe falando sobre isso... Conseguimos mais onze caminhonetes da Força Nacional, que passou pra nós... Recebemos bafômetros, armas não-letais... São muitas coisas, mas, infelizmente, com respeito à sua profissão, nós só somos reconhecidos pelo que não conseguimos fazer. Mas se tem alguém que faz o seu dever de casa, que procura fazer e termina fazendo, é o Sistema de Segurança Pública... Eu não sei o porquê, mas gostaria de saber o porquê disso, nós não somos reconhecidos pelo que fazemos, só pelo que deixamos de fazer. Existem determinadas publicações que eu entendo que têm o sentido de menosprezar.
SECRETÁRIO, aqui na região, já ouvimos comentários sobre crise na Segurança Pública. Existe algum tipo de crise na sua Pasta?
CRISE? Não tem crise. O problema é resolver a situação. Tem que resolver e resolver. O problema é que se faz uma reunião, por menor que seja... No dia que fizemos uma reunião aqui pra cobrar essas coisas... Pronto! Virou uma crise porque alguém... Se eu chegar pro meu servidor e dizer que não utilize mais uma viatura... Eu não tou (sic) fazendo o mal... Se eu disser que economize energia... Não tem nada demais. Mas parece que cobrar do servidor é coisa de outro mundo. Não existe crise na Segurança. Não é questão de crise. É questão de se querer resolver determinados problemas, determinadas situações. Não tem crise. Tem que querer fazer a coisa andar, a coisa se resolver... As reuniões não têm a ver com questões pessoais. O nosso intuito é que cada um faça o seu trabalho... Acabou-se. Não tem nada além disso.
Por: Andrey Ricardo - Foto: RODRIGO SENA/TRIBUNA DO NORTE